Colaboradores

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009











“Se alguém procura o infinito basta fechar os olhos.”

Esta frase pode ser encontrada no livro “A insustentável leveza do ser” de Milan Kundera, ao ler parei para pensar a respeito do ato de fechas os olhos. Fechar olhos pode ser uma entrega total ou simplesmente uma eterna fuga. É nesse ato que na, maioria das vezes, estamos a procura de relaxamento, tranquilidade. Muitas vezes fechamos os olhos para suavizar uma dor de cabeça ou ainda para espantar um pensamento ruim. É nesse ato também que buscamos sentir com intensidade algumas sensações, geralmente prazerosas ou assustadoras, como estar para sofrer uma queda num brinquedo de um parque. De qualquer maneira, é fundamental que tenhamos esse momento só nosso, pois parece que ao estarmos de olhos fechados, nos permitimos simplesmente sentir e com isso, viver, ainda que este fechar de olhos represente o cair de uma lágrima. Fechar os olhos e depois abri-lo é contemplar aquilo que somos ou podemos ser, aquilo que vivemos ou podemos viver. A frase “abrir os olhos” pode estar metaforizada e servir como um despertar para a realidade, para esta vida que acabei de mencionar. É verdade, entretanto, que estar de olhos abertos nem sempre é enxergar, nos ofuscamos com a correria do dia-a-dia, com preocupações, que na maioria das vezes não são nossas ou simplesmente não queremos enxergar as coisas mais óbvias, como a urgência de se fazer justiça que se valha. O convite para fechar os olhos para muitos soa eroticidade, mistério e isso é ótimo, pois fechar os olhos também significa transgredir, jogar-se, permitir-se...

O infinito que o narrador de Kundera nos relata, assim como é retratado em toda a obra, é a vastidão da vida e do ser humano, o perigo e o prazer de se lançar a experiências, desafios e medos, é deixar que isso tudo entre por todas os buracos de nosso corpo e alma e atingir esse infinito inexplicável, ou para Kundera, insustentável.


Fernanda Pereira

Nenhum comentário: