Colaboradores

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Eu não quero segurar


segura peão
a vida
a vida de um animal
que não tem mais vida

segura peão
um coração
um pulsar
único
que tenta retomar o pulso

segura peão
um ser inocente
que se debate contra si mesmo
na tentativa de se livrar de você

de se livrar de você
um monstro em cima dele
que o prende
que o mata sem enfiar a faca

que o mata
porque tira-lhe a liberdade
porque o machuca
numa brincadeira

segura peão
a brincadeira
de sacudir uma vida
que não tem mais vida
nas suas mãos

segura peão
a minha revolta
a minha dor
o meu grito

não, não segura, não!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012




Rascunho III

E até a memória vai se esvaindo, sumindo
como nuvem no céu.
Uma mancha de lembrança, tudo enraizado sem forma.
Aquela experiência que ficou está grudada como piche de asfalto,

mas é na alma.

Flávia Pereira

Mais parece um quadro aquela gentinha unida

em frente ao bar.

Tem todo tipo e tem tipo nenhum:

O alternativo

O clown

O bêbado (que faz previsão)

O louco

Os boêmios da rua suja

Entre poetas, atores, cineastas;

carro e barulho.

O estranho pediu um saco de feijão:

- Tenho fome não, moça, o que preciso nem eu sei...

Os passos artisticamente passam.

Calça vermelha

Blusa aveludada

Boemia na mesa.

Sou artista sim senhor!

E eu, o que sou?

Só sei que o banco da praça é que mais me agrada.

Flávia Pereira