Colaboradores

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011


O Vil Metal

selva de pedra
cidade metal
cidade quatro rodas

homem de pedra
homem metal
homem quatro rodas

com o corpo moldado
enferujado
passa
esmaga
o que vier
o que estiver no caminho
afinal ele é o centro
das atenções
dos valores

todos os dias
seja no seu próprio metal
seja no metal publico
são rostos metais amassados surrados

passa metal
fica a carne
carnes destroçadas nas avenidas
nas ruas


esmagar os corpos
deixar passar as rodas

E lá vem eles
são homens de duas rodas

montados ou não em quatro rodas
louvando o vil metal



Fernanda Moreno
.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011



Meu vizinho de frente de trabalho de divisão do trabalho me diz quase todos os dias porque é tão chato? Quero sair daqui! Quero um lugar mais legal! E Eu pensei será que só aqui é chato? Pensei e compartilhei com meu vizinho que compartilha ideias será que a gente acha algum trabalho legal? Eu acho que não tudo se repete em todos os lugares ou você digita todos os dias ou sobre os mesmos casos ou sobre as mesmas questões ou os mesmos relatórios ou recepciona ou atende o telefone ou coloca uma peça ou pensa sobre a peça ou você limpa o banheiro ou cozinha ou vigia ou guarda ou escreve ou desenha ou Ou ou ou ou ou ou ou ou as mesmas pessoas o mesmo horário o mesmo caminho a especialização você não vê o todo você não vê todos os aspectos você vê um pedaço do todo todos os dias você vê um pedaço do todo você não sabe mais o que a vida seu todo só sabe de uma parte e como se interessar pelo todo se você convive só com uma das partes como pode ficar legal assim? Continuaremos vizinhos da insatisfação da tristeza do cansaço da mesmice do proletariado dos que não vêem o todo dos que se cansam disso dos que querem “outra realidade menos morta” vizinhos somos vizinhos da divisão do trabalho em qualquer lugar


Fernanda Moreno

domingo, 20 de novembro de 2011

http://www.youtube.com/watch?v=rvyBzpSxJUo

"Somos todos diferentes, mas somos iguais nas áreas que interessam..."

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

arrebento a porta da frente
tentando escancarar os sentimentos
tentando elucidar os escuros

em meio a desumanização lástimada
nas palavras nas ações
na falta delas

disseminada como se fosse água

homens de poucas palavras
de silêncios de omissões
de tristeza que infiltra nas veias

arrebento a porta do quarto porque
procuro a essência porque
o corpo não tem mais não porque
fico preso na ignorância

arrebento a porta dos fundos
pra escapar pra fugir dos que bebem silêncio
e cospem palavras

silenciar entendimentos
cobrir descobertas

e como faz para semear
entendimentos e descobertas se
se ensurdeceu os ouvidos
se costurou as bocas
se apagou a pele

e que pele é essa?

Fernanda Moreno

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

e disse

e me disse que só queria colocar
uma foto bonita
sem causar problemas
sem causar discórdias

e me disse assim
como quem diz bom dia
abafando meus gritos
meus necessários gritos

só uma foto... guarde seus gritos
sofoque-os ou grite-os em outro lugar
minha imagem, minha calma
não é lugar para os teus gritos

porque é mais fácil
só uma foto bonita
deixa os gritos de lado
ou é mais simples?

ou é mais bonito
amar acima de qualquer coisa?
aceitar a tudo acima de qualquer coisa?
encontrar beleza e poesia na dor?

eu não encontro...
uma foto bonita não me esconde a dor
nem a revolta, nem os gritos
e nem sei mais conter os gritos

vou perdendo assim ouvidos
que não querem me ouvir
nem de longe
nem virtualmente

porque só se queria uma foto bonita
e mais nada
o que se pensa da foto
não importa

ou melhor
não é bem-vinda a dúvida
da beleza
do que já está consolidado

já está
a foto bonita
os seus gritos
e as suas dúvidas

não consolidam
porque justiça
não consolida
humanidade

humanidade
não consolida
justiça

Fernanda Moreno

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

eu sonho, utopiso, desejo, almejo, luto

animais com vida
livres
donos de suas vidas

animais humanos com vida
livres
donos de suas vidas
éticos, conscientes de suas ações
não assassinos, não torturadores

só haverá liberdade minha
felicidades minhas
amar meu
criar meu
quando todos os animais (ditos humanos ou não)
tiverem essas mesmas premissas de vida
(e não direito) nasce, vive, se desenvolve, em liberdade deveriam ser entendidos assim...
como premissas... sou um ser vivo, então eu vivo, e não subvivo... e não preciso ter direitos a vida...

homens que submetem a natureza, que a exploram, torturam, matam!, seus animais (ditos humanos ou não) que esperam da vida?! o que esperam?! o que você pode esperar?!

e o que você pode fazer e mudar?!

uma coisa eu já entendi, eu, Fernanda, posso mudar o meu mundo...
com muitos tropeços, mas posso... e outra coisa também já entendi, eu, Fernanda, que me questionar é a melhor forma de me entender e de saber o que quero de mim...


e a menina segue
nas extremidades de si
escorrendo lágrimas
e juntando-as em si
tecendo tristezas
mas mais que elas
tecendo lutas
lutas de alguém que não cabe em si...


Fernanda Moreno

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

... pensar... mudar...

Dá uma olhada nesse site?!

Dá uma olhada nos links dele?!

Leva essa questão a sério?!

Vamos refletir e agir, um pouquinho que seja?!

www.sejavegano.com.br

"o direito de matar um veado ou uma vaca é a única coisa sobre a qual a humanidade inteira manifesta acordo unânime (...) esse direito nos parece natural porque somos nós que estamos no alto da hierarquia (...). O Homem atrelado à carroça de um marciano - eventualmente grelhado no espeto de um habitante da via - láctea - talvez se lembrasse da costeleta de vitela que tinha o hábito de cortar em seu prato. Pediria então (tarde demais) desculpas à vaca.

Trechos de "A insustentável leveza do ser" de Milan Kudera

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

do tic tac das palavras dela


ela diz que tem pontos que correm atrás dela
que acompanham as falas
as pontas de seus dedos
o contorno de seu corpo marcado por um tic tac qualquer

tic tac que te acompanha nas noites de sono e nas de insônia
tic tac nos silêncios inquietos mas quietos perante algumas presenças
tic tac preso aos andares, apressados, mesmo na pontualidade
pontualidade vem de?
tic tac no peito ofegante, nos passos
algo que marca, que conta, mesmo na ausência de relógios

disse ela que do tic tac da mente não conseguia sair
que do tic tac posto em sua pele não conseguia se soltar
que do tic tac dos cuidados, descuidados, de seus toques não conseguia se aproximar
mas que quando conseguiu quebrar o relógio que vinha...

nada... preciso ir!


Fernanda Moreno

domingo, 27 de março de 2011

aperto forte no peito
a gente quer ser igual, mas também diferente
quer ser um encontro no desencontro
algumas lágrimas na alegria que não são de felicidade

aperto forte no peito
sair pra longe, mas querer estar perto
com medo de ser quem é

sentimentos perdidos querendo se perder

quero ficar
quero ir
quero que sinta que vou, mas eu sei que não vou...
não consigo ir

gritos e soluços internos mantidos no silencioso "tudo bem"
a eterna briga consigo
fala, não quero
então foge mas não para dentro,
foge pra fora!


mas o aperto no peito ainda ta aqui... e me parece que sempre estará



algo me diz que quem escreveu essas plavras soltas querendo ser entendidas no desentendimento de todos os cantos foi:
Fernanda Moreno
...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Sentada

A luz da minha companhia

Os fios encobrem meu rosto

Tocam minha pele



A chama da vela consome

O medo

A ausência


Questiono os toques

Dos dedos

Das mãos

Que tapam minha rude sentença


Mais um gole de mim

Que machuca o nós


Fernanda Moreno