Colaboradores

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

reconhecendo

andei em meus próprios passos
olhei meus olhar
e senti minha pele
delícia reconhecer que nada é apenas meu...
tem em cada poro de minha pele
tudo que por ela já atravessou
em cada olhar
tudo o que já me encantou e floresceu
e nos próprios passos
te encontro no caminho que tecemos
caminho que olha, sente e tece
nossa poesia de cada dia
delícia reconhecê-la em cada sopro da vida

menino

vinha com a pressa do vento, derrubando mobilias e pensamentos. mas também com a leveza do sopro. de quem a todos toca, seja no rosto seja no peito. era um menino, dizia. um menino que sabia fazer voar. quem a ele desse as mãos. fecha os olhos e me segue, dizia. não explicava como iria segui-lo sem enxergar, mas eu apenas reconhecia. um entendimento desses que parece magia. vinha com um toque sem pensamento. não havia medo, nem julgamento. corria com ele como se estivesse vendo todo o caminho. assim como os filhotes são acolhidos no ninho. era um menino que se pintava de sorrisos. que ria, ria, ria... de si, da vida. ele me faz voar sempre que me entrego ao sentir. entrega dessas que a gente só usa o coração. e só cabe nela a delicadeza da vida...
o melhor foi quando descobri que esse menino mora aqui, dentro de mim. simbora menino, me dê tua mão! hoje tô precisando voar...

sábado, 1 de novembro de 2014

ir

pulo de qualquer altura
danço qualquer música

me jogo em meus anseios
tentando não sufocar-me no controle

controle que angustia
os sonhos que já abarcam todos os poros

toda a pele
todo pensamento

cadê o ar que você respira?
preciso respira-lo também...

quero ser a fonte da água que desce por tua garganta
preciso ser e viver os impulsos que me gritam por liberdade

e ir ao encontro do que sou
ímpeto ariano

que rasga a pele na tentativa de ser
seus próprios delírios e desejos

terça-feira, 14 de outubro de 2014

ser em ti

nos passos
nos saltos
em cada contorno de traço

prometo ser uma contigo

nos chamados
nos uivos
em cada som que perpassa meu corpo

prometo ser uma contigo

na luz que se faz
na escuridão
em cada imagem que se reflete em mim

prometo ser uma contigo

nas rachaduras
e nas costuras da pele
em cada toque que me diz quem sou

prometo ser uma contigo

nos segredos dos mares
nas intuições do vento
em cada elemento que nos faz um laço

prometo ser uma contigo

venha Lua
ser Cheia
em mim

 nessa alma que te respira
e te sonha
como caminho
e também como morada

domingo, 14 de setembro de 2014

Ti encontrei hoje

é... vivemos de encontros
alguns eu escolho
fazem parte de mim...
ficam
em algum ponto de minha pele
em alguma parte da memória


outros tento soltar de todas as formas
sem perceber que é preciso aceita-lo aqui
para que então ele deslize
por cada poro
e se despeça

encontro-me com alguns encontros
busco na memória da pele
ou esbarro com eles
nos livros, nas ruas, músicas ou poesias

um cheiro
um toque
um quê de ti conheço
de ti reconheço em qualquer parte

seja você inteira
seja você uma parte

acontece um encontro a cada instante
mas ah...
sempre anseio pelo que me faz desencontrar-me
e que na brincadeira do desencontro
escolhe encontrar-me em nós

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Era uma vez uma garota que gostava muito dessa história de viver “uma vez”...

Uma vez fora viajante num balão
Entrou descalça e sem qualquer receio
E sentiu-se ser levada pelo sopro do vento

Em outra quis dissolver-se
Soltou todos os seus nós
E fora assim o próprio ar

Outra vez quis experimentar-se morada
Abraçou forte todos os seus contornos
E foi feliz sendo o próprio balão

Noutra preferiu ser a chama que fazia ele voar
Aqueceu seus sentimentos
E vivenciou ser o seu próprio sustento

Tem dias que ser uma vez é algo que a faz brilhar
Por ser quem quiser, uma vez...
Ou quantas vezes couber no seu “era uma vez” de todo dia...


 

 

ser assim

a magia de sentir o sorriso em cada ponta dos lábios
de sentir os aromas na pele e em cada parte de si

a magia de correr com meus bichanos
de sentir a alegria correndo junto com a gente...

a magia de sentir tudo o que vier
seja a dor seja o prazer
de viver de sentir de estar aqui

a magia dos olhos que brilham com as crianças
que dão vida e sorrisos a muitos de nós
a magia de ainda ser criança

a magia de crer em si, no outro e em Deus
de sentir o pulsar generoso de nossa Mãe Terra

a magia de perceber o instante agora
de sentir sua força e possibilidade

a magia de ser quem se é
e de poder mudar a cada dia

a magia de tecer o traçado do nosso sentido
de escrever e reescrever-se em folhas novas ou secas

a magia de estar e ser sem fronteiras

a magia de sentir seus pés descalços
acariciando e amando seu chão, sua Terra

a magia de incendiar-se com chamas de Luz
de estar e ser o próprio Fogo

a magia de se envolver nas seivas internas e externas
de ser Água, quando rio ou quando oceano

a magia de abranger, sentir e ser o próprio firmamento
do Ar que respira, que movimenta e voa conosco

a magia que é o encantar-se
com tudo que permeia, toca e atravessa

a magia de agradecer sempre

vem

ah... eu até tento
ou talvez nem tente mais
porque é uma delicia sentir o peito contra o vento
bagunçando os fios de cabelo e tudo cá dentro...

solto-me
no ar
nos abismos do incerto
na beleza de não saber quando vai chegar o chão, nem se vai chegar...

nas cordas da guitarra
na chama das fogueiras
na pele que sente como se ela mesma fosse o próprio toque

nos passos soltos que se tornam a própria dança
no som que se torna eco em todo seu corpo
apenas entrega

abrace minha mão com a tua e vem voar comigo
juro que nem precisamos mais pousar, o ar há de nos sustentar

sexta-feira, 27 de junho de 2014



Pensando



Asas da águia alargam-se, que voa longe, para o deserto, sorvendo vento, calor, pó...
deixando viver...
imensidão

solidão

que infinito mar de dúvida

até o pássaro busca algo: voar

deixa mudar

despir

vivendo esse eterno querer ser Ser.... medo de mim.

Super-homem nietzschiano

Não

Super-Eu

Não

 Soul..


"When you get the courage
You'll swim beyond the waves
And the stillness of the ocean
Will make all fear go away"

Flávia Pereira

domingo, 15 de junho de 2014

Trilhando o viver

 
tudo que me atravessa são 
caminhos
pessoas, sentimentos, emoções, animais, momentos
me faço em
caminhos

instantes que ainda permanecem em algum grau
passado, presente e fututo são
caminhos
em minha pele fica tudo e todos
que já se envolveram em meus
caminhos

risos, lágrimas
abraços, beijos
carinhos, afagos
cheiros, olhares
em mim se fazem
caminhos

sorrio
já pude experimentar
tanto 
e a cada instante que relembro retomo eles em
caminhos

sorrio
imaginando quanto ainda há por sentir
viver
alegria e gratidão por estar em diversos e unos
caminhos

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A garota que voltava de branco

 
Era final de tarde. Já anoitecia lá fora.
 
Caminhando em passos leves e curtos, com a vontade de fazer durar o caminho, vinha uma garota; menina por fora, mas já mulher por dentro. Carregava algo pequeno, quase imperceptível ao olhar no escurecer do dia, ainda mais sendo abraçado e apertado num colo intenso.
 
Ela o encontrou ainda nesse mesmo dia, esquecido em meio à sujeira, envolvido em flores, plantas e folhas já secas, numa praça abandonada. Pisou  nele, mas não o sentiu. Carregou-o na sola dos pés por alguns minutos, mas logo percebeu um incômodo ao caminhar. O pegou nas mãos, apreciou e se chocou consigo mesma, com seu esquecimento tolo, mas longínquo.  
 
Num lugar aonde ninguém mais ia, com folhas secas e de assustador desconhecido. Essa praça havia sido abandonada há muitos anos, não tinha mais quem a regasse com água e carinho, nem mesmo quem passeasse por sua pele. Um abandono que deixara marcas.
 
Ela seguia lentamente pelo caminho de volta, com o pequeno embrulho e um sorriso interno. Nas mãos carregava a alegria de saber de si, já que agora não importava mais que ninguém soubesse.  
 
Há muito tempo ela havia construído uma praça na qual seus sentimentos, emoções e atitudes floresciam. Porém com tantos tumultos cotidianos, embates e desgastes ela se esquecia de regar, de apreciar, de compreender.
 
Ao caminhar em si mesma sem calçados, num momento súbito quando precisou se esconder em sua praça, pisou em um galho já envergado e diminuído com o passar do tempo. Na fuga seus pés afundavam na pele, passos tão profundos que alcançaram o galho. Nele a garota reconheceu o descaso com sua morada. Visualizou a sujeira que havia acumulado e a dificuldade de enxergar o que ali pudesse haver.
 
A garota menina percebera que ela era o galho e que ele era ela. Para muitas pessoas esse embrulho nada significaria, pareceria apenas algo bobo e talvez o fosse. Mas para ela era a simplicidade do feliz encontro com quem mais nos desencontramos. Quando tudo se desfaz, quando tudo desmorona, e ficamos apenas nós e o silêncio é que os galhos voltam a serem percebidos. E então precisamos retomar nossa praça e voltar para casa. 
 
E a garota também percebera que se ela era o galho, também era as flores, as folhas, as plantas, a praça e tudo o que existe... Ela voltava de branco, com todas as cores em seu rosto, em suas vestes, em suas palavras e, principalmente, em seu coração.
 
Era final de tarde. Já anoitecia lá fora. Mas dentro da garota mulher renascia o dia.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Reescreve na pele: Para cantar e voar um dia

Nasci com a grande magia de ter duas asas
Prontas para me fazerem voar
Ir com o vento
Sobrevoar pequenezas humanas e da natureza

Mas o ser humano, talvez intimidado com este encanto
Ou por sua ignorância, por sua faixa nos olhos e no coração
Fecha-me em grades, sou preso na condição de pássaro
Sem a liberdade que me é essência

Assim minhas asas não batem
Assim não vou com o vento
Sobrevoo apenas em sonho
Em pensamento

Meus gritos são confundidos por canto
Pelos ouvidos acostumados com a prisão
Minhas asas fechadas e seladas com uma pintura
Pelos olhares acostumados com a ilusão

Nasci com o grande crime de não ser um humano
Com asas, com canto
Porém sem forças para arrancar
Grades ou desumanidades

Meu olhar pede outros olhos
Meu choro implora por outros ouvidos
Para que um dia eu cante e voe
Realizando a simples beleza de viver o que sou

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Numa ventania que envolve o corpo, ela embarcou...

Certa manhã, dessas estranhas que se assemelham a tempestades em dias amenos. A mulher de longos cabelos e posição ereta pôs-se a caminhar...

Nos seus passos havia certezas que incomodavam muitas pessoas, mas firme em suas decisões, não excitava em nenhum momento... Apenas ia, sem saber exatamente aonde iria chegar...

Olhares não a incomodavam mais, menos ainda palavras grosseiras.

Na manha amena, havia algo de sublime nas mesmas cores das casas, nas mesmas rachaduras das faces, nas mesmas peles de camadas grossas que haviam se esquecido de escamar...

O dia ameno já trazia ventos fortes, destes que nos conduzem. Nas danças de seus trajetos, a mulher envolveu-se e não sabia mais caminhar, agora apenas dançava...

Ela já se permitia sentir desde que havia deixado para trás sua casa. Iniciou sua trajetória no sentir. Com a dança do vento deixava-se ser tocada e acariciada por todos os poros. Era como se o vento falasse diretamente com sua pele, sem intermediários. Apenas o vento e a pele.
 
 
Nos passos também sentia o toque de seu cabelo, que passava pelos seus ombros, seu colo, seu rosto, sua boca, seu pescoço, sua cintura. Toda a pele que o cabelo tocava era mais um adeus a sua antiga morada, que não havia sido construída por ela própria.

 Dos cabelos passou a sentir na sua pele o toque de suas mãos, estas lhe cobriam de carinho e de prazer, caminhavam por seu corpo como numa busca incessante e urgente.

Com os toques do vento, dos cabelos e das mãos, a dança ainda precisava se completar... Assim a mulher soltou a ultima das prisioneiras de sua antiga casa. Sua própria boca e com ela sua língua, tão habituada a não perturbar os demais em suas comodidades.

Sua boca passou a beijar a ela própria, como se fosse festa. A mulher deixou-se receber de si mesma uma nova face, uma nova pele e novas cores...

E construía ela agora, com seu próprio caminhar sua nova morada.

A mulher de longos cabelos dançou até encontrar o seu destino...
 
o Prazer e a Vida