Colaboradores

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

O poema envolto no corpo finalmente sai
Num papel branco...
Ao entristecer escreve poemas
Que belo recurso o de deixar a dor falar em palavras
Num papel branco...
As palavras gritam na alma, falam por si só
Porém, no papel claro-branco
Guanha formas e o pobre-homem-leitor se enxerga nele
Como Narciso num reflexo de espelho
Num papel branco, remontam-se rostos
Haja encontro e desencontro
Lindas Letras que perfuram papéis.
Fernanda Pereira

domingo, 13 de janeiro de 2008





O pensamento romano na pós-modernidade

Há uma frase de Sêneca em que ele diz: “A solidão curará a nossa aversão à multidão, a multidão, o nosso tédio à solidão.”, mas será mesmo que a presença de multidões nos levará a simpatizar com ela ou ainda nos fará refletir a respeito de nosso autoconhecimento? Estar entre pessoas nem sempre significa estar bem e com certeza muitos concordarão comigo, no entanto, a aversão a lugares cheios, e não estamos falando aqui de problemas com saúde, pode significar alguma negação pessoal. Quando nos incomodamos com a presença de pessoas ou ainda do olhar delas, de seus cochichos o que pode nos incomodar é algum problema pessoal refletido no outro. A afirmação feita pelo autor romano parece fazer sentido se nos referimos a pessoas que estão muito bem consigo, entretanto, para alguém se incomodar com multidões ou ainda com a solidão, algum problema tem nisso. Não que tenhamos de gostar obrigatoriamente destas situações, mas se tal aversão passa a prejudicar a vida cotidiana é o caso de parar para refletir um pouco. Entender, ou melhor, sentir, solidão é algo que se deve ser feito na marra, assim como compreender que o mundo não se fez sozinho, para isso o amor próprio é importantíssimo: conhecer-se, rir da própria cara na frente de um espelho ou se achar bonito (a) mesmo com a roupa simples de casa. Quando não estamos contentes com algo não há multidão que vença tão tortura ou nos faça esquecer o que nos incomoda, a frase de Sêneca tem sentido sim, depois que temos por certo que uma pessoa não sofre de nenhum problema com ela própria.

Fernanda Pereira

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

De perto fica longe

Ao longe há pés
Buscam o fundo
De tudo de mim
Não há lugar para um rosto
Que urge e ladra
Caça todos
Não foge de nada

Ao longe há pegadas
Dos meus seres
Dos meus loucos seres
Em cada traçado deixaram um sentido
Em cada símbolo, meu transporte
Para sair
Quero sair

Ao longe há morte
Abandonarei a angustia
A busca
A falta
De amigos
De amores
De completude minha

Ao longe há lugar
Para os in-modos
Incertezas
E fúrias
De homens
De sentidos
De presença

Ao longe há gotas
Mostram a estranheza
A desmodulção do meu quadro
Não molda
Não pinta
Não encanta a multidão
Gotas que ferem
Ultrajam meu olhar

Ao longe um sorriso
De vitória
De conquista
Do ser

O ser
Pula
Quebra
Seu próprio muro
Lacra os olhos
Lacra os dedos
Cancela a vida
E vive


Fernanda Oliveira