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domingo, 13 de janeiro de 2008





O pensamento romano na pós-modernidade

Há uma frase de Sêneca em que ele diz: “A solidão curará a nossa aversão à multidão, a multidão, o nosso tédio à solidão.”, mas será mesmo que a presença de multidões nos levará a simpatizar com ela ou ainda nos fará refletir a respeito de nosso autoconhecimento? Estar entre pessoas nem sempre significa estar bem e com certeza muitos concordarão comigo, no entanto, a aversão a lugares cheios, e não estamos falando aqui de problemas com saúde, pode significar alguma negação pessoal. Quando nos incomodamos com a presença de pessoas ou ainda do olhar delas, de seus cochichos o que pode nos incomodar é algum problema pessoal refletido no outro. A afirmação feita pelo autor romano parece fazer sentido se nos referimos a pessoas que estão muito bem consigo, entretanto, para alguém se incomodar com multidões ou ainda com a solidão, algum problema tem nisso. Não que tenhamos de gostar obrigatoriamente destas situações, mas se tal aversão passa a prejudicar a vida cotidiana é o caso de parar para refletir um pouco. Entender, ou melhor, sentir, solidão é algo que se deve ser feito na marra, assim como compreender que o mundo não se fez sozinho, para isso o amor próprio é importantíssimo: conhecer-se, rir da própria cara na frente de um espelho ou se achar bonito (a) mesmo com a roupa simples de casa. Quando não estamos contentes com algo não há multidão que vença tão tortura ou nos faça esquecer o que nos incomoda, a frase de Sêneca tem sentido sim, depois que temos por certo que uma pessoa não sofre de nenhum problema com ela própria.

Fernanda Pereira

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