Colaboradores

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010




Sim! Sim para a revolução!
Re- evolução - Uma nova evolução. O Homem quando chega a um patamar de desenvolvimento, ou seja, evolução, ele deve permitir-se, ainda, mais superação, é o que chamamos de Revolução. Aquela que parte da consciência do indivíduo, pois a evolução é inerente e quase imperceptível, mas a Revolução é pensada.
Sendo assim, em 2011 quero uma Revolução dos hábitos. Vamos sorrir simplesmente por existir, a maior dádiva é a existência.
Vamos sorrir para os que choram de alma, para apagar a dor. Vamos pensar menos no mundo e vivê-lo mais, enxergá-lo, enxergar aquele que está ao seu lado e necessita de ajuda. Enxergar aqueles que destroem o planeta. Não vamos abaixar a cabeça para meros gestos. Vamos, nesse ano que se aproxima, assinar um contrato de Felicidade.
Feliz Ano Novo!

Flávia Pereira

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Compartilhando uma leitura:

“Proudhon define o que é ser governado: “é ser guardado à vista, inspecionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, parqueado, endoutrinado, predicado, controlado, calculado, apreciado, censurado, comandado. Ser governado é ser, a cada operação, a cada transação, a cada movimento, notado, registrado, recenseado, tarifado, selado, medido, cotado, avaliado, patenteado, licenciado, autorizado, rotulado, admoestado, impedido, reformado, reenviado, corrigido. É, sob o pretexto da utilidade publica e em nome do interesse geral, a ser submetido à contribuição, utilizado, resgatado, explorado, monopolizado, extorquido, pressionado, mistificado, roubado; e depois, à menor resistência, à primeira palavra de queixa, reprimido, multado, vilipendiado, vexado, acossado, maltratado, espancado, desarmado, garroteado, aprisionado, fuzilado, metralhado, julgado, condenado, deportado, sacrificado, vendido, traído e, no máximo grau, jogado, ridicularizado, ultrajado, desonrado. Eis o governo, eis a sua justiça, eis a sua moral! (…) Oh! personalidade humana! Como foi possível deixares-te afundar durante sessenta séculos, nesta abjeção?” Proudhon esqueceu-se de acrescentar: torturado. Também pudera, essa atribuição o Estado sofisticou apenas neste século”.

O que é anarquismo? de Caio Túlio Costa

Fernanda Moreno

terça-feira, 21 de dezembro de 2010


Pecado


Dois corpos nus

Entrelaçados e perdidos
no cansaço terno
Copiosamente beijam amam esquecem
Por fim
A morte
...
Que gostoso esse final...
Flávia Pereira

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010



Descobri em um segundo que a leveza é a melhor escolha...
Por que me cobrar tanto
Querer ser tanto
Basta ser o que se é
Basta Amar
De verdade
Basta ser EU, Basta SER
Realmente se encontrar
Por que medo
Por que querer de mais (consumir demais)
É mais fácil escolher ser leve
E eu escolho Ser Leve,
Ser Eu
Ser Feliz.

Flavia Pereira
Plataforma

O sufoco, a distração, emoção, quantas vidas em uma plataforma. Quantas histórias perpassam entre os corredores, malas e passagens. Solidão, plataforma é a eterna despedida, pois aqueles que chegam também já tinham deixado lágrimas, beijos, abraços e sorrisos em alguma parte, talvez muito distante, talvez não muito...


A criança que brincava em cima da mala, como se fosse um trampolim, desviou-me o olhar, que antes pousavam fixos em um casal apaixonado que se despedia....senti uma lágrima em meu peito. Remeteu-me que também deixava para trás pessoas mais que queridas, pessoas fundamentais, pessoas que me dão força para pegar sempre o ônibus de partida, pois partir é lembrar que há volta. Sempre volta.

Nem o chão encardido impediu que descansasse minhas costas e olhasse fixo para o teto, tentando não pensar na dor que era me despedir mais uma vez.

Flavia Pereira

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Mais uma apresentação!!!!!!!!!!! dia 19/12




UM CERTO DELEGADO
Um corpo que passa por isolamento, fragmentação, interrogatórios e tortura.
Representa e apresenta indivíduos que viveram e vivem ditados.
"Pois digo e repeito: a Lua é comunista!
Ilumina a todos, mesmo os que não pagam taxas e impostos!
É um desaforo!"
Um trecho do texto Os olhos verdes da neurose, de José Expedito Marques.

Contamos com a presença de todos,
Fernanda Moreno
Natasha Curuci

Dia 19/12 na Sede do Coletivo Pi
Av Santos Dumond, 1318
Prox à Estação Tietê
Favor reservar ingresso pelo tel (11) 8191-2408 ou pelo email natasha.curuci@gmail.com


terça-feira, 16 de novembro de 2010


Volta para Luz, solta, leve...
leve, leve para longe daqui toda essa espera que falta, essa falta que rejeita, essa busca sem demora, demora que acaba, fim que finda,
escassa alma
que sobra falta
que fica é nada..
Nada peixe.

Flávia Pereira

Saudade



Saudade cruel e avassaladora
Senti-lá sem evitá-la
Está além dos meus poderes
Infiltra-se de fininho quase nem se percebe
Mas quando se percebe já está
Que posso eu fazer diante das tarefas diárias
E obrigações rompantes
Digo: claro
E continuo a conviver com a saudade
Que tem sido minha amiga dura
Que insisti deixar os pensamentos à deriva e sempre longe
Eu não me pertenço mais
Pertenço a alguém que me revela
Luz
E amor

Flávia Pereira.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Tereza em mim

No começo do Gênese está escrito que Deus criou o homem para reinar sobre os pássaros, os peixes e os animais. É claro, o Gênese foi escrito por um homem e não por um cavalo. Nada nos garante que Deus desejasse realmente que o homem reinasse sobre as outras criaturas. É mais provável que o homem tenha inventado Deus para santificar o poder que usurpou da vaca e do cavalo.

O direito de matar um veado ou uma vaca é a única coisa sobre a qual a humanidade inteira manifesta acordo unânime (...) esse direito nos parece natural porque somos nós que estamos no alto da hierarquia (...). O homem atrelado à carroça de um marciano – eventualmente grelhado no espeto por um habitante da via - láctea – talvez se lembrasse da costeleta de vitela que tinha o hábito de cortar em seu prato. Pediria então (tarde demais) desculpas à vaca.

A cada dois minutos Tereza se curva e lhe acaricia o pêlo. (...) o amor que se tem por um cachorro escandaliza. Se a vizinha ficasse sabendo que ela enganava Tomas, bateria em suas costas com ar cúmplice!
(...) Tereza as olha com ternura, e diz para si mesma (é uma idéia que lhe ocorre sem cessar há dois anos) que a humanidade é parasita da vaca, essa é, sem duvida, a definição que um não-homem poderia dar ao homem em sua zoologia.

Pode-se tomar essa definição como um simples gracejo e sorrir com indulgencia. Tereza porém a leva a sério, e fica numa posição arriscada: essas idéias são perigosas e a distanciam da humanidade.
(...) Descartes deu o passo decisivo: fez do homem “senhor e proprietário da natureza”. Que seja precisamente ele quem nega de maneira categórica que os animais tenham alma, eis aí uma enorme coincidência.

(...) o verdadeiro teste moral da humanidade (o mais radical, num nível tão profundo que escapa ao nosso olhar) são as relações com aqueles que estão a nossa mercê: os animais. É aí que se produz o maior desvio do homem, derrota fundamental da qual decorrem todas as outras.
Tenho sempre diante dos olhos Tereza sentada num tronco, acariciando a cabeça de Karênin e pensando no desvio da humanidade. Ao mesmo tempo, surge para mim outra imagem: Nietzsche está saindo de um hotel em Turim. Vê diante de si um cavalo, e um cocheiro espancando-o com um chicote. Nietzsche se aproxima do cavalo, abraça-lhe o pescoço, sob o olhar do cocheiro, explode em soluços.
Isso aconteceu em 1889, e Nietzsche já estava também distanciado dos homens. Em outras palavras: foi precisamente nesse momento que se declarou sua doença mental. (...) sua loucura (portanto seu divórcio da humanidade) começa no instante em que chora junto ao cavalo.

É este Nietzsche que amo, da mesma forma que amo Tereza, acariciando em seus joelhos a cabeça de um cachorro mortalmente doente. Vejo-os lado a lado: os dois se afastam do caminho no qual a humanidade, “senhora e proprietária da natureza”, prossegue sua marcha para frente.”



Trechos de A insustentável leveza do ser de Milan Kundera
me é sempre acolhedor encontrar, mesmo que na ficcção, sentimentos, pensamentos, loucuras ou "doenças", semelhantes às minhas...

Fernanda Moreno

segunda-feira, 21 de junho de 2010

debaixo da pele



Sabe aquela senhora que vai ali, é uma das muitas que vivem aqui.
De dia ela passa. De noite ela fica.
Aconchegada debaixo da pele. Entristecida sem outras.
Sente faltas. Sente vindas.
Falta de um aconchego à luz do dia. Um aconchego sem pedir licença...
Falta dos sorrisos que querem sair, das pontas dos dedos que quer sentir.
Vai de noite, volta de dia.

Sabe aquele vazio que fica, são muitas as pessoas que não o deixariam existir.
Medo por detrás dos óculos.
Vontade em meio aos sons.
Choros à luz do dia.
Porque se afastam? Perto, mais nada.
De nada fico. À espera.
Passos que se fincam. Corpos arrastados.
Quebram detalhes, suspiros, respiros, vontades.
Aonde vai?
Paredes espreitam-me.


Sabe aquela esperança.
O vazio pede palavras.
São palavras desconexas, não articuladas, falta raciocínio.
Mas quer. Precisa. De um ouvido para ouvi-lo.
O vazio. O medo.
São tão poucos os aconchegos.
Cadê? Pra onde foram?
Detalhes são poesias. Carinho é riqueza.
Cuidado é vendido. Afagos comprados.
Estranho. Como anda estranho.
A mim. E os outros?

Sabe aquela angustia, de indas e vindas, de fugas e voltas.
Está aqui. Não vai. Ela tenta. Não vai.
Passos pra cá. Corridas pra lá. Falas pra lá. Escutas pra cá.
Peito apertado. Soluços internos.
Saudade sem nome, nem endereço.
De um quê de presença. De histórias.

Sabe aquela carta, lida e relida. Não endereçada.
Muitos. São ela para.
Aquelas senhoras que querem. Das peles querem.
Voz. Emitir. Pedidos. Emitir.
Emitir, endereçar, dizer, alcançar, encontrar, achar!
Alguém. Alguns. Um. Um...
Escreva. Conte. Fale. Fale-me.

Sabe aquelas senhoras. Vivem aqui.
Dentro de mim. Debaixo da pele.
Detalhes são poesia. Traga-me um.


Fernanda Moreno

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Um sonho de aproximadamente oito meses



Um sonho tomou-me inteiramente, de corpo e alma, de sentimentos, de sentidos e de vida nos últimos oito meses... Um sonho que atingiu outras vidas, que me completou, que me trouxe a alegria de cada dia, com sorrisos, carinhos, cheiros e afagos... Trouxe-me uma companhia que ficou; não me sentia só e agora insisto para continuar a me sentir inteira, mas é difícil, é muito difícil, me tiraram esse sonho...
O abraço da minha pequena e o olhar da minha delicia me dava a certeza da existência de um “Deus”, de um algo a mais... A curiosidade que as fazia entrar em todos os cantos, preenchendo todos os vazios, dando vida a todos os lugares, arranhando e mordendo por carinho e por defesa... Os olhares que sempre me indagavam “o que ela ta fazendo?”, a Rita e a Janis, olhos brilhantes, corpos artesanais, tão macios e charmosos.
É insuportavelmente doloroso saber que o homem destrói o que quiser, que tira tão violentamente do seu caminho o que lhe atormenta, que destrói outros seres vivos e outros seres humanos ao se sentir o centro do universo. Desde quando a palavra “humano” significa bondade? Se realmente significa: nem todo ser humano é humano! Alguém precisa informar a esses homens que o suposto poder sobre os seres e as coisas não ultrapassa a carne! Mas que marcará sua existência de alguma forma, eu insisto em acreditar nisso...
O veneno matou minhas gatas, deixou um vazio imenso na minha vida, nas minhas crenças, nos meus braços... E eu ainda quero insistir no sonho que elas me deixaram...


Fernanda Moreno