Colaboradores

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

e assim era

e assim sem mais nem menos tudo parecia brincadeira

parecia brincadeira de criança
com leveza
com imaginação


e a vida não passava de uma bolha de sabão

que voava, crescia, tinha todas as cores e saia de uma boca
mas às vezes estourava


e me cobria de água que grudava na pele

e o sorriso ganhava da solidão

e a alegria ganhava do pensamento


e era leve
e era frágil


mas pesava muito na imaginação

de um adulto que resolvia brincar
de que ele não era mais ele não


sexta-feira, 30 de novembro de 2012

chóro feito quem é feito de lágrimas


tem um grito sufocado na minha pele
em cada poro
tem uma dor que cresce pelo corpo todo
em cada parte

a cada instante se mata a vida
tento me instruir, ler, ver documentários...
pra quem sabe um dia ser ativista...

e fazer algo, nem que seja para apenas um
um animal livre
de um laborátorio de testes
de um matadouro
de uma criação
confinado a uma caixa
a uma cela
apartado da vida
da comunhão da vida

dói na mente
dói no coração
dói na alma
chóro feito quem é feito de lágrimas

e não consigo
paro nas primeiras páginas
paro de assistir nos primeiros minutos

é muita dor
é a morte do sentido da vida

meu grito fica entalado na garganta
com medo

mas enquanto o meu está preso
o lamento do pássaro na gaiola
o lamento do abate no sangue da carne
o lamento do estrupro da vaca no leite
o lamento da galinha na casca sendo quebrada por outro
o lamento dos peixes no vazio dos mares
o lamento...
o lamento...

estão ai nesta terra de surdos e cegos por opção
troca-se a vida pela morte

enquanto todos morrem na vida

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Nada era

Ela voltava pra casa. A cabeça encostada na janela do ônibus. Uma gota por fora refletia. Seu rosto e seus pensamentos. Parecia que não tinha passado. Tentava se lembrar. Quem era. De onde vinha. Para onde ia. Só via traços. Que contornavam a sobrancelha pouco definida. O olhar pouco definido. As poucas marcas no rosto. Apenas alguns pontos escurecidos. Outros levemente marcados. Uma boca a mais do que se pensava que tinha. Um boca grande, cheia de dentes e de vontades. Mas para onde ia mesmo? A boca e a vontade. Não, para onde ia o ônibus. Para que destino. Para que caminho a levava. Para onde ela ia. Num corpo aparentemente jovem. Numa mente aparentemente tranquila. Para onde ia. Por mais que tentava. Não conseguia se lembrar. Teria passado. Ou apenas um futuro. Naquele instante em que se olhava. No reflexo da gota. Parecia não existir. Parecia ter apenas um futuro. Sonhos. Planos. E mais sonhos de ser. O toque frio do vidro em sua testa. Em seu nariz que encosta. Em sua boca que toca. Que tenta tocar a gota que está do outro lado. Vidro. Não é sede. É vontade de sentir o gosto. De saber quem é. De onde veio. E para onde vai. Mas é só um rosto. Encostado num vidro gelado. Refletido numa gota viva. Que ao escorregar a leva. Até que ambas se desmancham. E fica apenas o rastro do que não era.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Eu não quero segurar


segura peão
a vida
a vida de um animal
que não tem mais vida

segura peão
um coração
um pulsar
único
que tenta retomar o pulso

segura peão
um ser inocente
que se debate contra si mesmo
na tentativa de se livrar de você

de se livrar de você
um monstro em cima dele
que o prende
que o mata sem enfiar a faca

que o mata
porque tira-lhe a liberdade
porque o machuca
numa brincadeira

segura peão
a brincadeira
de sacudir uma vida
que não tem mais vida
nas suas mãos

segura peão
a minha revolta
a minha dor
o meu grito

não, não segura, não!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012




Rascunho III

E até a memória vai se esvaindo, sumindo
como nuvem no céu.
Uma mancha de lembrança, tudo enraizado sem forma.
Aquela experiência que ficou está grudada como piche de asfalto,

mas é na alma.

Flávia Pereira

Mais parece um quadro aquela gentinha unida

em frente ao bar.

Tem todo tipo e tem tipo nenhum:

O alternativo

O clown

O bêbado (que faz previsão)

O louco

Os boêmios da rua suja

Entre poetas, atores, cineastas;

carro e barulho.

O estranho pediu um saco de feijão:

- Tenho fome não, moça, o que preciso nem eu sei...

Os passos artisticamente passam.

Calça vermelha

Blusa aveludada

Boemia na mesa.

Sou artista sim senhor!

E eu, o que sou?

Só sei que o banco da praça é que mais me agrada.

Flávia Pereira

terça-feira, 10 de julho de 2012

desses que se descansa até de si

e ela só queria um descanso
sem se preocupar e nem sequer pensar
no que machuca
no que pesa
nas costas
na cabeça 
e no coração

um descanso leve
como uma brisa no corpo nú
mas que tivesse uma sensação de pós tempestade
que lava tudo
até o que não se queria e enche e esvazia de água

um descanso que viesse sem aviso
pra não dar tempo de segurar nada
e enche e esvazia de água

lava os pensamentos
doídos
lava os sentimentos
pesados
lava as dores
instaladas
lava as dúvidas
e também as certezas

porque certeza a gente acha que serve
mas só atrapalha
 
um simples denscanso
desses que se descansa até de si

desses que se descansa
de si
até de si



segunda-feira, 11 de junho de 2012

A mulher de azul

 Todos os dias no mesmo andar. O segundo. No mesmo passo. Arrastado e pulsante. No mesmo toque. Mãos leves e que desliza. Com os mesmos pisos. Os mesmos panos. Os mesmos produtos. As mesmas sujeiras.
Uma senhora já de idade. Parece uma vó querida, digo. Não, não pude ter filhos, me diz ela ainda com o seu brilho nos olhos. Uma senhora de brilho nos olhos. De um brilho que parece vida. Um brilho que parece que tem algo pra sair do corpo.
Eu vou bem, tirando a dor no joelho. Ah! Dor no joelho é fogo né? joelheira ajuda porque a senhora não compra? Ah! é? vou comprar...
O azul do uniforme. Uniforme o azul. O andar. O passar. O falar. Uniforme...
Oi, tudo bem com a senhora? Tudo, tá chegando ou tá indo? To chegando, e já atrasada... Sempre né? Sempre... Tudo, tirando a dor no joelho. Ainda? Ainda! E a joelheira? Não comprei não... Tá com dor ainda? Ainda! E porque a senhora não sai pra pegar um sol? ajuda! Não posso... Porque? Porque a gente tem que fica no andar que a gente trabalha. O segundo. Que merda! E quando não tá trabalhando tem que ficar aqui no banheiro. não pode circular entre os alunos também...
Ficar. Ficar. Ficar.
Mas e o sol?
Não pode.
E suas rosas? Ah! Morreu uma, mas a outra tá lá. bonita. adoro rosas. meu marido já morreu. não tive filhos. não pude ter. já sou aposentada, mas o dinheiro não dá pra pagar o aluguel. tá indo ou tá chegando? To indo, já atrasada. Sempre né? É...
Sempre né? É...
Rosas, adoro rosas
Eu também..
Morreu uma, mas agora já tem duas
Ah! que bom, faz compania né? Faz. E porque a senhora não adota um gato ou um cachorro? Acordo cedo e chego tarde, iam ficar muito sozinhos. Hum, é... ruim... muito cedo? Cedo, 3h30 da manhã... Nossa é...
Tinha um menino que me chamava de vó no prédio antigo, aquele do Ipiranga. É porque a senhora tem cara de vó, de vó querida. Mais não pude ter não, só tenho uma irmã. E porque não vai morar com ela? Ah não, tanto tempo morando sozinha, não costumo mais não. Hum, entendo, acostuma com a liberdade né? É... e tem minhas plantas, quem que ia cuidar delas né? É...
As rosas. O banheiro. A sujeira. O brilho no olhar. Um brilho de quem quer sair do corpo.
Um brilho.
Um brilho de quem quer sair do corpo..
sair...
rosas...
passa, limpa, fica, tá chegando ou tá indo?

To indo dona Maria,
bom dia pra senhora!
Pra você também filha!

quinta-feira, 26 de abril de 2012

e de repente a gente nem precisa de espelho pra entender que cresceu
que cresceu demais para o que queria
 que o que escorre já tem outro peso
 dói mais
 demora mais pra passar
 demora mais pra entender
 pra compreender
 pra aceitar
 e de repente os silêncios fazem mais parte do que se queria
 as incertezas, as dúvidas e os medos já nem se contam mais
 isso porque parecia que quanto mais se crescia mais simples seria
poder fazer qualquer coisa
ir a qualquer lugar
e de repente ser o dono de si mesmo pesa
pesa mais do que se sonhava
do que se podia imaginar
e nessa construção
pensamentos ossificados
sensações liquidas
medos santificados
buscas mobiliadas
e são várias paredes brancas
e são vários os silêncios
e você crescido...

segunda-feira, 19 de março de 2012



Como é difícil virar a página

Tocamos nela quase que viramos

Mas revoltamos a página

Re-volta

Luta luta

E o leite já está derramado

Mas persistimos na página

Qual o caminho para sair dessa encruzilhada

Qual o caminho para sair dessa tristeza

Tempo?

Quem é esse Dono de todas as coisas?

Vira página

Mão não fique receosa

Apenas vire

Apenas Mude.


Flávia Pereira

quinta-feira, 15 de março de 2012

Eles


ELA
A menina rodopiou com seu vestido azul
Tivesse flores, talvez
Tinha apenas 16
Tinha vergonha da sombra e suas pernas delgadas também
Sabia ser menina, mas queria ser mulher
Ai ela tropeçou num lugar qualquer e viu
ELE
Que desajeitado de olhos lindos
Quem será ele
Camiseta branca
Como seus braços
Cabelos dourados
Como o sorriso
Eleolhoua
Curiosidade
Nem começo teve foi só olhar
e a certeza de mais uma ilusão
mas decidiram ficar cercados de incertezas
e o tempo passou...
Flávia Pereira

quarta-feira, 14 de março de 2012

Pra que Fernanda?


Eu respondo a essa pergunta quase todos os dias, acabo sempre respondendo com respostas prontas e objetivas, talvez porque canso de ser interrogada ou simplesmente porque a resposta é complexa, às vezes demorada e quem pergunta tem a pressa semelhante à pergunta: tudo bem?
Mas hoje é diferente, porque quem me perguntou Pra que Fernanda? Pra que Vegana? Fui eu mesma, e não quis uma resposta simples e nem objetiva...
Para tentar me responder lembrei de quando tudo começou... Afinal já vai fazer dez anos que essa história me rodeia... Quando eu fazia quinze anos iniciei uma fase de vida que denominei: Sexo, Drogas, Rock and roll, Filosofia e Amizade. Encontrei um grupo de pessoas que tentava arduamente viver na paralela, quase como uma vida alternativa, eles discutiam o que era o amor, a liberdade, o vegetarianismo, a anarquia, e tentavam vivenciar... E eu vive no meio dessas discussões, me rasgava em conhecimento e em reflexão. Ouvia eles esbravejarem contra o sistema capitalista, as explorações, a falta de vida e de liberdade, e eu cantei suas letras...
Fui rasgando toda minha pele, todos os fios condutores de verdade, tudo o que eu carregava como “natural”; e entendia pouco a pouco que tudo o que acreditamos e vivemos é uma construção, e que sendo uma construção pode ser reconstruído.
E aquele grupo tentava viver uma reconstrução. Com tropeços, com queixas, com medos, com inseguranças, mas foi ali que eu aprendi que o mais bacana da vida é “mudar quando é lua cheia...”
Com o passar dos anos as questões foram crescendo dentro de mim, como milhares de fios que vão se espalhando pelo corpo até criarem seu próprio corpo. Em torno dos meus dezessete anos eu já sabia o que eu não queria, então decidi que não comeria mais carne, foi uma escolha mais emocional do que racional como a maior parte das minhas escolhas. E foi ai também que eu comecei a entender que a minha pele é quem fala mais alto em mim...
Não foi uma mudança fácil e nem simples, como eu acabo dizendo que foi contrariando a minha própria filosofia da construção. Brigas para tudo quanto é lado, como assim? Você vai morrer! Vai ter anemia! Vai ficar sem músculos... Eu quase não respondia, porque eu não sabia responder... ou esbravejava ou chorava, o que também mais pra frente entendi: que as minhas lágrimas são as que mais alto respondem por mim, mas ainda vou aprendendo a não ter vergonha delas e a saber responder de outras maneiras com elas sempre presentes.
Alguns anos depois foi embarcada pelas reflexões que tal escolha abrangia, muitas e muitas... E fui agregando racionalidade à minha escolha. Decidi ser vegana, agora numa decisão equiparada entre pele e razão, já que me corpo começava a recusar determinados alimentos enquanto eu ia conhecendo outras pessoas de vida paralela... ah as pessoas de vida paralela, como me alegra saber que elas existem, mais ainda quando estamos por perto.
A minha escolha não é por uma vida saudável, nem pelo desmatamento, nem por dó...
Aprendendo e refletindo sobre mim, sobre o que acredito, minhas utopias, entendendo os fios que crescem em mim, sim eles continuam crescendo aqui dentro, e sentindo pulsar e sangrar o que repudio. Eu quero vida, eu quero liberdade, e não estou viva e nem livre enquanto qualquer animal, humano ou não, não o for... livre, livre, livre... Me angustia profundamente saber que há animais, humanos ou não, que nascem para servir ao homem, alguns com o trabalho, outros com a carne, outros com o leite, outros com os ovos, outros com os ossos, outros com a pele, outros com a força, outros, outros, outros...
E entendi que não consigo e que não quero colocar pra dentro de mim, que não quero comer (sim sou uma pessoa que acredita no poder das metáforas) o que não quero que seja a realidade... Tento então em tudo quanto for possível viver o que acredito.
Vixe! Isso vai mudar alguma coisa? Talvez sim, talvez não. Mas acredito na simbologia de ações paralelas ao que se tem como natural. Eu acredito na construção e por isso tento construir com o meu corpo, com as minhas atitudes, com as minhas relações a minha utopia: liberdade e vida.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A pele dela decidiu desta vez

Cansou-se de ser decidida
De não responder às melhores coisas
Da vida
E do seu corpo

As coisas que fogem da razão do outro
E encontram na sua pele um sentido de ser

Então ela:

Abriu-se em janela
Em ar

Foi com tudo que ouviu
Dançou
Voou
Beijou

Abriu-se em torneira
Em água

Foi com tudo que lhe molhava
O espírito
A saliva da boca

Dançou com os poros que ficaram no ar
Voou com os ruídos que o ar deixou
Beijou, beijou-se no ar

Foi com qualquer sinal que o seu corpo reconhecia
Um reconhecimento seu
Reconhecido na saliva

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Carnaval já tem seu fim na terra das marias

Todo mundo se preparando para viajar e descansar, todo mundo não... aqui no prédio que trabalho as MULHERES da limpeza vão trabalhar... o carnaval mal começou e já teve seu fim... e elas ainda me disseram “achei que ia colocar a minha casa em ordem nesse feriado”... donas de casa, mulheres da limpeza onde quer que estejam, são as donas marias...
Ah! Dona Maria! Quem mandou não estudar? Tem oportunidade pra todos nessa vida, ta certo que só uns poucos vingam... Assim você teria que ser dona da limpeza de apenas uma casa... afinal se todos tiverem oportunidade de estudar, de crescer na vida, crescer e aparecer!, ganhar dinheiro, ter as sonhadas propriedades: o carro e a casa, como é que nós ficaríamos? Quem vai limpar a NOSSA sujeira?
E eu como sei que o carnaval das donas marias desse prédio já teve fim? Sei porque almoço com elas todos os dias... olho para todos os lados do refeitório, mas acabo sempre do lado delas... talvez seja porque tem uma dona Maria lá em casa, e sempre me senti bem perto dela, minha mãe, que é dona da limpeza em três casas há uns 45 anos, desde seus 8 anos de idade!

Bora dona Maria
Limpar a sujeira que é toda SUA
Toda SUA de limpar

Bora dona da limpeza
Mariar nas casas
Ser Maria em todo lugar

Bora dona de casa
Cuidar do que é teu
A casa é mais tua


É tua Maria!
Tua casa
Tua sujeira

Bora ser escrava e mariar


Fernanda Moreno

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012



ADEUS AS CARTAS

QUANTAS PALAVRAS E IMAGENS
AGORA CHEGA DE REMINISCÊNCIAS
ENQUANTO AS FOLHAS PASSAM PELOS MEUS DEDOS,
PEQUENOS PAPEIZINHOS SOLTOS
UM FIO DO QUE SOU
UM ELO PERDIDO
AMIZADE SOLTA
MAS A CERTEZA DO QUE SOU QUE PASSA PELAS LINHAS
AGORA É MEMÓRIA
AGORA É HISTÓRIA
A MINHA HISTÓRIA.

FLÁVIA PEREIRA

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Do que vivo

Um contorno
Uma marca no olhar
Um desenho no ar

De linhas curvas ou retas
De pele dita ou pontuada
De tamanho ou leveza

Voz fraca, reta e direta, ou torta e indireta, ou reta e indireta, ou torta e direta,
Ou nada disso

Cada contorno no ar
Cada pele que fica
Cada dizer pontuado por quem se é

Uma profundidade indizível
Uma diversidade apaixonante

Apaixonada
Por ver e sentir
Diversos contornos no ar

Olhares
Vozes
Andares
Ações
Posições
Movimentos
Pensamentos

Modulam o ar por onde passam
Por onde ficam

São seres
São coisas
São contornos no ar

...



Fernanda Moreno

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Me compõe aqui

Carrego minhas lágrimas como quem carrega o ar
na sensibilidade da pele
na alegria que não cabe na boca
na tristeza que não cabe no peito
estados que ultrapassam o ouvir e o ver
Estar
Hidrata minha alma
o ser quem sou
Me afirma em mim mesma
Traz à luz do dia o que tenho

Carrego minhas lágrimas como quem carrega a água
na necessidade da sede
na angustia de sentir
na emoção de viver
Instantes consolidaddos
dentro
Compõe o que amo
às vezes limpa
às vezes borra
Mas sempre a escorrer...

Carrego minhas lágrimas como quem carrega uma riqueza
na certeza que será sempre companheira
na busca de integridade
no desejo de vida e não mais de mortes
Regar vontades
tentativa
Atira de dentro o que sufoca
a cada instante
que me percebo viva

Eu carrego com a força que restar, mas carrego

Fernanda Moreno
2010
postando novamente um de meus textos que mais gosto
que mais dizem de mim

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

as casas



alguém para cuidar da sua casa
seus cantos
seu pó
suas roupas
sua comida
seu corpo
suas partes
sua mente
suas unhas
do pé
e da mão
dos fios de cabelo
suas ideias
sua imaginação
suas escolhas
suas palavras
suas falas

para tudo que é seu
todas as partes
tem um outro

quero outros sis
que saibam de si e se misturem
mas não delego o meu si a outro
não quero não saber
não cuidar
do meu si

saber de todas as partes
do si
e da morada do si
si corpo, si casa, si que é pó e muitas outras coisas
quero muito saber de todos os meus sis
vivê-lo em todas as suas possibilidades

si?

seu?

meu?


Fernanda Moreno

.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Noite


Não gosto da noite fria que me traz medo e dúvida.
Ondas de calafrio e início de sonho inexplicável.
Noite sem sono, é só o tempo frio e vendaval na janela.

Flávia Pereira

Rascunho II

Escrevo porque às vezes a alma cala e o papel é abrigo desnudo.
Flávia Pereira

Rascunho

- Triste ilusão a minha quando achei que me escreveria. Te juro nem queria bater a porta, mas foi
...
assim,
do jeito,
como a mão pedia
foi piscada rápida, entende?
então, que triste queria um postal singelo seu, um pouco de atenção e a culpa não foi de ninguém.
Culpa é mesquinho demais.
Mas sou incompleta agora.
nem culpa
só vontade.

Flávia Pereira

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O Vil Metal- paráfrase


O homem-máquina caminha na selva
anônimo-homem metal
metal-gélico
escuro
homem-alumnus


Flávia Pereira

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

?!

vamos sair pra ver o sol?!

essa tem sido minha pergunta e minha afirmação

ensolarar minha mente meu corpo minhas ideias meus ideais

ensolarar
ensolarar
ensolarar

um sol que acalente aqueça afague envolva

quero um sol dentro de mim
acho que tenho um sol dentro de mim
mas que nem sempre me ensolara o quanto preciso peço

dentro de muitas paredes muitos tijolos vidros cortinas
dentro de muitas veias peles órgãos artérias
calores perdidos

dentro dentro dentro dentro dentro

to precisando sair
o meu sol não ta dando mais

então, vamos sair pra ver o sol?


Fernanda Moreno