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sexta-feira, 16 de janeiro de 2009


Fim de Expediente

Os sapatos passam apressados, são sapatos de sexta-feira, alguns de salto alto, outros com ar de burocracia.

Vão e vem num passo único, o da pressa. Eles não sabem para onde vão e nem quando voltam. Às vezes até ficam parados num café, esperando algum outro sapato perdido no fim do expediente.

Sandália branca, fita rosa no da menina, preto com meias pretas nos pés do advogado: a lei é certa!

-Sabe o que significa a tatuagem de palhaço?

-Não.

-Ladrão.

Advogado também é cultura ou melhor policial...

Os sapatos continuam passando, agora um com meias grossas e sapato de uniforme, senão patrão fica bravo.

Aí passa sapato bom e ruim, baixo, alto, rasteira, chinelo, tamanco, não dos portugueses, mas da Beira Rio...

Sapato claro e escuro, sapato de fim de dia e de começo de noite, esse acompanhado da bela meia fina; sapato bonito e feio, sapato de sábado que espera domingo, sapato do pobre e do rico, aí aparece um pé descalço:

-Aqui não pode não seu moço, diz a meia grossa com o sapato de uniforme.

O sem sapato resmunga e sai: sapato-rua só leva chumbo mesmo...

Fernanda Pereira


2 comentários:

Lilyllith disse...

passando só pra divulgar o novo blog do Yuri!! sim... o Yuri de Araraquara...
http://ondenaoechamado.blogspot.com/

divirta-se!

saudades!
vamos nos ver? bjs!

Anônimo disse...

Texto incrível! Parabéns. O sapato serviu de metáfora e jogos com as palavras, com sutileza você fez uma grande crítica.

Flá.