Este blog é uma Nesga de Vidas, almas, memórias, sentimentos; o Tudo e o Nada de cada Ser que se expõe aqui. Lembrando que isso não é uma propriedade, então pode invadir!!!
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
pra colocar o pé na rua, preparo armas e armaduras
olhar pra baixo, esquivar olhar, mudar de calçada, andar rápido, fingir olhar no celular, fingir olhar o céu, a parede, o chão, qualquer coisa que desviei o olhar e que finja que você não viu ou não ouviu... fingir pra si...
baixo, fingir, correr
ou dependendo do dia ou pra intercalar as armaduras com armas
mando tomar no cú, faço careta, mostro o dedo do meio
quando na verdade a vontade era de dar um tiro em cada homem que me chama de gostosa, que manda um beijo e baba, que me olha como se fosse me estuprar
o estupro da humilhação, das palavras, dos olhares
e o ódio fica preso na garganta, mesmo quando as armas surgem
e assim o suicidio fica preso na pele, mesmo que eu não pule de um prédio
o suicidio de quem já sai de casa pensando nas armas ou nas armaduras que vai usar
pra tentar marcar menos na pele, pra tentar se incomodar menos, pra tentar não pular
hoje depois de ouvir um "gostosa" de um cara que já babava e me mandava beijos, só consegui virar e lhe mostrar o dedo do meio, ainda assim a raiva estava presa e a vontade de dar um tiro era grande. ele, como muitos outros já reagiram assim ficou ofendido e me disse (gritou e esbravejou) que eu era mal educada!
sim sou MUITO mal educada, já que a educação é calar e ouvir!!!! submissão é a regra e a educação!!!
infelizmente o medo de apanhar me faz usar mais armaduras do que armas... e assim a educação da submissão permanece
e são milhares ao dia, milhares de homens que se sentem (e são postos nesse "direito") no "direito" de estuprar da maneira que for
e fingir e fingir não ouvir e não ver pra tentar achar que isso não é tão forte quanto é
só que não dá mais pra fingir
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2 comentários:
Oi, Fernanda! Sem querer encontrei seu blog e me gostei da boa surpresa. O início do texto é lindo e gosto como vc revela o grito aos poucos... Afinal, que direito têm estes outros que nos violentam a cada dia, que dever temos nós de nos calarmos? Não sei se vc conhece o Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero do CnPq, mas te mando o texto por que fui premiada em 2010. Talvez você goste.
Abraço
http://memoria.cnpq.br/premios/2010/ig/edicao6/medio/estudante_ensino_medio/jamile_oliveira_goncalves.pdf
Fer...você sabe o que fazer né...rs Beijão meu anjo!
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