Amores de Papel
Tenho tido amores de papel:
Amor papel “Celofane”, opaco, de um brilho quase invisível: “Mito da Caverna”. Aparentemente belo, mas conforme se passa o tempo revela-se a sua ilusão multiforme;
Amor papel “Crepom”, amassado feito a cara após uma noite daquelas; uma pancada no estômago. Amor papel Crepom é aquele de última hora, depositamos esperanças para que saia uma bela paisagem, mas no final das contas vira um grude enorme de papel amarrotado e a paisagem não fica tão bela assim, e o professor que é bacaninha te dá um sete pelo “trabalho”;
Amor papel “Ofício”, o dito perfeito, com as formas respeitadas pelo padrão internacional, excelente para qualquer hora e lugar. Neste amor podemos depositar todas as nossas cartas e crenças até que ao abrirmos o envelope descuidadosamente fazemos um rasgo nele e então ele perde todo o seu valor “oficial” e torna-se um mero papel rasgado, sem mais sentido;
Amor papel “Dobradura”, ótimo para um relacionamento aberto, flexível e de pouca duração, além de multifacetado - uma hora é na outra já não é- não podemos dar muita confiança; típico amor de barzinho ou virtual;
Amor papel “Higiênico”, o mais comum e barato de todos, extremamente fiel e necessário. Colocamos nas partes mais intimas de nós e é o típico limpador de merdas passadas que acaba nos conquistando pela sua eficácia. Pode até dar um excelente relacionamento, mas não podemos esquecer que esse papel é descartável, portanto se prender a ele pode ser desastroso.
Amores de papel são mais comuns do que imaginamos, qual é o seu papel?
Fernanda Pereira.